Quando a insegurança sobe a bordo, perde-se a confiança, a ponderação e a estabilidade da navegação.À deriva, a frágil balsa do relacionamento oscila entre as duas rochas nas quais muitas parcerias esbarram: a submissão e o poder absolutos, a aceitação humilde e a conquista arrogante, destruindo a própria autonomia e sufocando a do parceiro. Chocar-se contra uma dessas rochas afundaria até mesmo uma boa embarcação com tripulação qualificada – o que dizer de uma balsa com um marinheiro inexperiente que, criado na era dos acessórios, nunca teve a oportunidade de aprender a arte dos reparos? Nenhum marinheiro atualizado perderia tempo consertando uma peça sem condições para navegação, preferindo trocá-la por outra sobressalente.
Mas na balsa do relacionamento não há peças sobressalentes.
Zygmunt Bauman citando Christopher Clulow in “Amor Líquido” – Pag. 31